Fonte: Principalmente Enciclopédia Larousse.
Sendo completada aos poucos
Alexandre Puchkin (1799-1837)
Escritor russo. Membro da alta aristocracia russa, Puchkin teve
uma vida essencialmente romântica. É considerado, pelos seus
compatriotas, o maior poeta e ficcionista do país, uma espécie
de Goethe eslavo. Além de grande produção poética,
deixou um drama, Boris Godunov, e vários materiais em prosa.
Morreu por causa da mulher, num duelo com um oficial francês, aos
37 anos de idade.
Agostinho, Santo (354 - 430)
Em latim Aurelius Augustinus, filósofo, teólogo e Doutor
da Igreja. Nasceu em Tagasta na Argélia em 13 de novembro de 354.
Estudou retórica em Cartago e lá viveu uma vida desregrada
e teve um filho de nome Adeodato aos 17 anos. Foi para Roma onde tornou-se
professor e em 384 para Milão lecionar. Lá conhece Santo
Ambrósio então bispo daquela cidade que o influencia e o
converte ao cristianismo, é batizado por este em 387. Volta
a África e funda um mosteiro em Tagasta pregando a ascese. Em 391
é ordenado, tornando-se quatro anos mais tarde bispo auxiliar. Mais
tarde torna-se bispo de Hipona às margens do Mediterrâneo.
Começou a escrever cartas e tratados de teologia, tornando-se assim
um dos maiores pensadores da Igreja, influenciando o pensamento religioso
(teológico) e a filosofia no seu tempo (Idade Média) e posterior.
Faz uma junção entre o platonismo e a religião,
fazendo correspondência entre o lado espiritual e o mundo material.
Uma de suas obras mais conhecidas é a Cidade de Deus (De Civitate
Dei). Lutero e Calvino na Reforma fizeram a retomada de suas obras. Vive
na fase final do Império Romano, vê Roma cair em 410 nas mãos
de Alarico, rei dos visigodos e ao morrer, o norte da África está
sendo invadido pelos vândalos. Morreu em Hipona a 28 de agosto de
430.
Akutagawa, Ryunosuke (1892-1927)
Escritor japonês, nascido em Tóquio. Sua principal característica
é ter sido autor de contos inspirados na literatura kirishitan (cristã)
do século 16, além de lendas populares e grandes obras clássicas
(Rashomon, 1915; Figuras infernais, 1920). Nota-se em sua
obra a progressão de sua loucura que acabaria por levá-lo
ao suicídio.
Alarcón y Ariza, Pedro Antonio de
(1833-1891)
Escritor espanhol, nascido em Guadix, morto em Madrid. Sua obra mais
importante foi O chapéu de três bicos, romance humorístico
que inclusive serviu de base para um balé.
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo
(1810-1877)
Nasceu em Lisboa. Devido ao seu envolvimento na «Revolta do 4
de Infantaria», é obrigado a emigrar para Inglaterra. Lê
Walter Scott. Inicia a sua colaboração no Repositório
Literário. Integra-se no exército liberal de D. Pedro IV,
desembarca no Mindelo e participa no cerco do Porto. Ajuda a organizar
a Biblioteca Pública do Porto. Em 1839 é nomeado director
das bibliotecas reais das Necessidades e da Ajuda. Entretanto vai publicando
algumas obras: A Harpa do Crente (1837), Lendas e Narrativas (2 volumes,
1839-1844), Eurico, o Presbítero (1844), o primeiro volume da História
de Portugal (1846), O Monge de Cister (1848), etc. As suas obras são
de cunho romântico e vão desde a poesia ao drama e ao romance.
Foi, além de um dos mais importantes escritores portugueses do século
XIX, o renovador do estudo da história de Portugal.
Álvares de Azevedo (1831-1852).
Álvares de Azevedo foi um dos mais poderosos escritores brasileiros
de seu tempo, ainda que sua vida tenha avançado apenas até
a idade de 21 anos. Foi o poeta que retratou a atmosfera em que a literatura
de sua época se encontrava imersa, caracterizada pela tendência
ao sonho, à evasão, ao clima soturno e onírico. Tais
características são sentidas na obra lírica de Álvares
de Azevedo, que também chegou a incorrer promissoramente no drama
teatral com a obra Macário, que revela a potencialidade do escritor
que poderia ter realmente construído obras duráveis na dramaturgia.
O escritor nasceu em São Paulo, cursou humanidades no Rio de Janeiro,
no Colégio D. Pedro II. Desde cedo, seu talento literário
se fez notório, ainda que integrado ao curso que a literatura de
seu tempo tomava, com as influências byronianas. Tornou à
cidade natal, onde matriculou-se na Faculdade de Direito. Não chegando
a receber o diploma do curso de Direito, já abatido pela tuberculose,
durante o período de estudos, o escritor tem a sua produção
vinculada à sua característica mais marcante de poeta ultra-romântico.
É a fase em que um grupo de poetas se irmanavam diante do chamado
"mal-do-século", e a literatura de sua época se caracterizava
pela tematização constante da melancolia extremada, dos sentimentos
mais exasperados, do delírio e a boemia orgiástica.
Andersen, Hans Christian (1805-1875)
Dinamarquês, nascido em Copenhague. Era filho de um sapateiro.
Aos 14 anos começou a tentar a sorte no teatro, como bailarino,
corista e autor de tragédias. Estudou na Escola Latina de Slagelse
e percorreu toda a Europa. Procurou obstinadamente, mas em vão,
êxito nos palcos, mas foi como escritor que deixou seu nome na história,
sendo considerado o pai da literatura infantil.
Apollinaire, Guillaume (1880-1918)
Poeta francês, associado ao círculo de poetas vanguardistas
e pintures cubistas. Serviu na I Guerra Mundial; gravemente ferido, morreu
em conseqüência de uma trepanação. É considerado
o criador da poesia francesa moderna com a obra Álcoois de
1913. Há, também, na sua poesia, resquícios do romantismo,
além de um forte elemento de mistificação, revelado
sobretudo em sua peça teatral As mamas de Tirésias.
Fato pitoresco: esteve envolvido no roubo da Mona Lisa. Foi o primeiro
propagandista de Picasso e também descobriu o pintor primitivista
Henri Rousseau.
Baudelaire, Charles Pierre (1821-1867)
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Muitos julgam que foi o ódio ao seu padastro, o general Aupick, que o inspirou sua atitude de rebeldia contra as convenções sociais e contra a frivolidade. Depois de passageira participação da revolução de 1848, retirou-se para um aristocratismo de elite e para uma vida devassa de boêmio, apaixonado por Jeanne Duval, bem como outras mulheres; usou drogas, às quais dedicou o livro "Paraísos Artificiais". Reuniu suas poesias no volume "Flores do Mal", tendo sido processado por obscenidade e seis de seus poemas foram proibidos. Os últimos anos da vida de Baudelaire foram obscurecidos por doença nervosa, provavelmente paralisia progressiva. |
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Nasceu em Tours. Escritor notável por suas agudas e irônicas observações sobre a sociedade, foi considerado o pai do Realismo. Sua principal obra é "A Comédia Humana", composta de 95 romances/novelas, onde procurou retratar a sociedade parisiense de sua época. Neles, há a abordagem de problemas como dinheiro, família, burguesia, e diversos outros fenômenos sociais que formam a identidade de uma época. Balzac trabalhava demasiado, principalmente para pagar suas dívidas. Parecem ter sido elas, na verdade, a razão de sua proficuidade literária. Participou da vida mundana parisiense. Teve um célebre caso amoroso com a polonesa Eveline Hanska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer, em Paris. |
Bonaventure des Periers (fins do século
15, antes de 1554)
Para Charles Nodier, Periers foi o talento mais espontâneo e
original de sua época. Sua vida foi muito obscura. Sabe-se, porém,
que foi muito retraído e se entregava ao estudo comparado de literaturas
antigas. Aprendeu a fundo o grego e o latim, chegando a escrever
nesta última. Foi professor da Universidade de Bourges, que foi
o primeiro berço da Reforma. Escrevia admiravelmente em prosa e
verso. Colaborou numa versao francesa literal das Escrituras, de acordo
com o texto hebraico, corrigindo, retocando o estilo do tradutor. São
obras suas Cymbalum Mundi e Novas Recreacoes ou Colóquios Alegres,
do qual é extraído o presente conto (é interessante
compará-lo com a versão popular “O menino esperto e o padre”.
Brecht, Bertold (1898-1956)
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Dramaturgo alemão, criador do teatro épico. Como autor e diretor, levou a efeito a tarefa de despertar a consciência do espectador para os problemas sociais e políticos do seu tempo. A primeira fase de sua obra é ligada ao Expressionismo (obras: Na selva das cidades e Tambores da noite). A segunda fase foi de crítica anarquista à sociedade burguesa, tomando forma em várias comédias satíricas. Encontrou no músico Kurt Weill um grande colaborador, surgindo obras como Opera dos Três Vinténs, Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny. Aderindo definitivamente ao marxismo e ao teatro político, abandonou, em 1933, a Alemanha nazista, e no exílio desenvolveu a terceira fase de sua obra, o teatro épico como em Mãe Coragem, O Sr. Puntilla e seu criado Matti e O Círculo de Giz Caucasiano. |
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Escritor espanhol. Após estudos irregulares, em conseqüência da vida errante do pai cirurgião, ingressou no Exército. Combateu em Lepanto, onde perdeu um braço, e depois na África, onde foi capturado pelos turcos que o levaram a Argel, sendo ali mantido em cativeiro de 1575 a 1580. Retornando a Madrid, tornou-se comissário de víveres de Filipe II, de 1585 até o desastre da Invencível Armada (1589), quando foi encarcerado e excomungado. Nomeado posteriormente inspetor de impostos de Filipe II, passou a integrar sua corte, livrando-se assim de seus problemas materiais. Após ter escrito Numancia e A vida em Argel, baseados em suas aventuras, publicou um romance pastoral, A Galatéia, cujo insucesso não o desencorajou; em suas desventuras e em sua ligação com ideais inabaláveis, encontrou a matéria de Dom Quixote (a primeira parte apareceu em 1605), que lhe valeu celebridade e proteção de grandes senhores, permitindo-lhe consagrar-se unicamente à literatura. Produziu então Novelas Exemplares e, em 1616, a segunda parte de Dom Quixote. Sua obra se completou com uma narrativa chamada Os trabalhos de Persiles e Sugismunda, publicado postumamente. |
Charles (John Huffam) Dickens (1812-1870)
Escritor inglês. Teve vida difícil. Aos 12 anos foi obrigado
a empregar-se numa fábrica de graxas de sapatos pois seu pai havia
sido preso por dívidas. Educou-se por seus próprios meios,
conseguiu, alguns anos depois de seu primeiro trabalho, entrar num jornal
como repórter. Seus esquetes (artigos, crônicas e contos),
publicados com o pseudônimo de Boz, começaram a lhe trazer
alguma popularidade. Em 1837, a partir de textos para caricaturas, surge
seu primeiro personagem famoso, Mr. Pickwick. A partir daí
Dickens começa a publicar diversos romances: Oliver Twist, David
Copperfield, Tempos Difíceis, dentre outros. Além disso,
criou e dirigiu vários periódicos. As lutas da mocidade,
as complicações de sua vida conjugal e o trabalho exaustivo
de muitos anos acabaram por minar-lhe a saúde, levando-o à
morte. Dickens reuniu grandes qualidades como escritor: capacidade de criar
figuras, riqueza de invenção, humorismo, caloroso interesse
humano.
Charles Perrault (1628-1703)
Escritor, médico e advogado francês. Apesar de ser autor
conhecido em sua época em função de polêmicas
relacionadas a escritores contemporâneos seus, Perrault tornou-se
mesmo conhecido pelas Histórias de Mamãe Gansa, como O Gato
de Botas, Chapeuzinho Vermelho, Pequeno Polegar. Apesar de sua aparente
simplicidade, os contos de Perrault geraram volumes de comentários
eruditos, onde se assinalam inúmeras sobrevivências das mitologias
primitivas. Segundo esses comentaristas, a história do Barba Azul
conserva vestígios de antigas cerimônias de iniciação
e contém um exemplo dos perigos que se correm por infringir alguma
interdição mágica.
Cícero (106 a.C. - 43 a.C.)
Político, orador e escritor romano, Marcus Tullius Cícero
nasceu a 13 de janeiro de 106 a.C. em Arpino. Recebeu esmerada educação
com oradores e juristas. Perseguido pelo ditador Sila vai para a Grécia
onde estuda filosofia. Morrendo Sila (78 a.C.), volta à Roma onde
fez brilhante carreira no foro romano defendendo inúmeras causas.
Em 76 torna-se questor na Sicília, depois edil (69 a.C.), pretor
(66), e cônsul em 63. Como cônsul denuncia a conspiração
de Lúcio Sérgio Catilina através de suas Catilinárias.
Tais conspiradores são presos e executados. Cícero saí
do episódio como um herói da República. Durante a
Guerra Civil entre Pompeu e César, alia-se ao primeiro, porém
com sua derrota exila-se e só volta a Roma com a permissão
de César. Em 44 a.C., César é assassinado e Cícero
opõem-se violentamente às pretensões de Marco Antônio
e apoia Otávio. Porém em outubro de 43 a.C., Augusto, Marco
Antônio e Lépido formam o Segundo Triunvirato e Cícero
e outros senadores caem em desgraça. Suas mãos e sua cabeça
foram cortadas no dia 7 de dezembro de 43 a.C. em Fórmia e depois
exibidas no foro romano.
Conan Doyle, Sir Arthur (1859-1930)
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Romancista inglês. Sob inspiração de Poe e Gaboriau criou, em 1887, o personagem Sherlock Holmes, com o qual ganhou notoriedade. Médico apaixonado pelo espiritismo, publicou também peças e romances históricos. |
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Escritor italiano, nascido na Florença. Um dos poetas de grande gênio no ocidente, Dante escreveu uma das mais fundamentais obras na literatura universal, A Divina Comédia. Dante nasceu em meio a uma família de classe média, tendo, por meio de sua formação educacional, entrando em contato com os clássicos da literatura cristã. Sob a orientação de Brunneto Latini, Dante é iniciado nas leituras de Estácio, Ovídio e Vergílio. Em sua juventude, o escritor se engajou nas lutas políticas locais da cidade, a qual apresentava uma intensa e agitada vida pública. O escritor tornou-se prior da administração da cidade. Na divisão do partido dos guelfos, surgiram as facções branca e negra, a primeira moderada e a segunda radical. Dante enquadrou-se nos moderados e sua participação política se canalizou para as lutas contra as ambições políticas do papa Bonifácio VIII, que pretendia estender seu domínio. Com a vitória dos negros, Dante é exilado em 1302, indo para Roma, de onde jamais voltaria. Exilado, Dante passa pelo período mais sombrio de sua vida, embora também o período mais prolífico de sua criação. A grande reputação literária de Dante repousa na Divina Comédia, obra que escreveu no exílio, iniciada entre os anos 1307 e 1314, sendo finalizada pouco tempo antes de sua morte, em 1321. |
Defoe, Daniel (1659-1731)
Escritor inglês. Filho de puritanos, foi criado para ser pastor.
Aos 20 anos começa a se dedicar ao comércio, especificamente
importação e exportação, estando falido aos
24. Refaz-se rapidamente, tornando-se dono de uma olaria e de uma fábrica
de ladrilhos, prosperando e falindo novamente, só que dessa vez
em função de um certo panfleto. Entrando na política,
começa a produzir pasquins que caem rapidamente no gosto popular.
Colaborador clandestino de jornais de tendências antagônicas,
vê-se exposto no pelourinho, encarcerado e, depois, livre, graças
a um secretário de Estado que lhe aluga a pena para introduzi-lo
num jornal oposicionista. Sexagenário, dá uma guinada em
sua carreira e passa a se dedicar à ficção, lançando
Robinson Crusoé, Moe Flanders, O Diário do Ano da Peste e
O Coronel Jack.
D.H.Lawrence (David Herbert 1885-1930)
Escritor inglês. Estreou na literatura em 1911 com o romance
O pavão branco. Em 1913 publicou uma de suas obras primas,
Filhos e amantes, além de livro de versos: Poemas de amor
e outros. A exaltação da paixão sexual como meio
d eatingir a verdade e a realização do ser humano custou-se
a censura a obras importantes como O arco-íris e O amante
de Lady Chatterley. Este último, publicado na Itália,
esteve proibido nas livrarias e bibliotecas públicas inglesas por
mais de 30 anos. A sua obra também inclui ensaios como Fantasia
do inconsciente (1922) e crítica literária - Estudos
sobre a literatura clássica americana (1923).
Dostoievski, Fedor Mikhailovitch (1821-1881)
Romancista russo. Traumatizado com a morte de seu pai, assassinado
por seus servos camponeses, Dostoieviski, então estudante da escola
militar de São Petesburgo, acabou terminando seus estudos
só e sem recursos. Suas primeiras tentativas literárias não
foram bem sucedidas. Desiludido, lançou-se à atividade política,
envolvendo-se num complô para assassinar Nicolau I. Preso e condenado
à morte (1849) teve a sentença transformada em trabalhos
forçados na Sibéria. Nos anos que cumpriu pena, escreveu
sua primeira obra prima, Recordaçoes da Casa dos Mortos.
Regressando a São Petesburgo, iniciou Memórias de um subterrâneo,
cujas descrições realistas da prisão o tornaram célebre.
Abatido com a morte da esposa e do irmão, inspirou-se para escrever
Humilhados e Ofendidos e Crime e Castigo. Casado novamente,
crivado de dívidas e perseguido pelos credores, refugiou-se
na Alemanha, Suíça e Itália, onde passou a maior parte
do tempo jogando em cassinos e quase sempre perdendo. O vício e
seus numerosos problemas serviram, porém, de tema para os livros
que escreveu no período: O Jogador, O Idiota, Os
Irmãos Karamazov, entre outros. Dostoievski discutiu,
em sua obra, o materialismo, a fé, o nacionalismo, o pensamento
ecumênico, a violência e o sentido da humanidade. Morreu vítima
de uma hemorragia.
Eça de Queirós (1845-1900)
Nasceu em Póvoa de Varzim. Esse romancista que teria a maior
e mais profunda influência na literatura portuguesa e brasileira,
depois de uma mocidade sem grande brilho, entrou para a diplomacia e viajou
a Europa, iniciando paralelamente sua carreira literária. Lúcido
analista, estilista saboroso, foi o mais brilhante representante do naturalismo
em Portugal. Deixou uma obra considerável, que vai do Crime do Padre
Amaro à Ilustre Casa dos Ramires, além de vários romances
inacabados que foram publicados postumamente, completando o conjunto, um
retrato algo caricatural, mordaz, pelo menos, da sociedade portuguesa em
fins do século 19. Faleceu em Paris.
Hoffmann, Ernst Theodor Wilhelm (1776-1822)
Escritor prussiano. Foi contista, romancista, dramaturgo, compositor,
maestro, crítico, ilustrador, caricaturista, retratista, decorador,
arquiteto e magistrado. É considerado uma figura singular do período
romântico, havendo inclusive influenciado outros importantes autores,
como Poe e Balzac. Pela sua vida picaresca e tempestuosa, ele próprio
passou a ser personagem de vários escritores, assim como a famosa
ópera de Offenbach, Os contos de Hoffmann, baseiam-se na
sua vida. É tido como um dos primeiros mestres do gênero fantástico
na literatura. Como Hoffmann era chegado numa farra, isso acabou por deteriorar
sua saúde, morrendo na idade de 46 anos, vítima de uma horrível
paralisia que começou por imobilizar-lhe os pés e estendendo-se
pelo resto do corpo. Dentre suas obras destacam-se O Elixir do Diabo
(romance), as óperas Aurora e Undine e uma série
de contos.
Homero
O maior poeta da Grécia antiga, atribui-se à sua autoria
obras que constituem um grande monumento de toda a produção
literária da humanidade: a Ilíada e a Odisséia. Não
se sabe ao certo os anos de seu nascimento e de sua morte. Estipula-se,
através de algumas referências do mundo antigo, que Homero
viveu entre os séculos IX e VIII A.C., e o limite estipulado de
sua vida vai até 700 A.C.. A obra atribuída a Homero foi
composta e transmitida oralmente. Há suposições de
que a Odisséia, por exemplo, não tenha sido composta por
um único autor. O italiano Vico sustentou a tese de que a obra homérica
foi resultado de vários poetas. Nessa tese, Homero constituiria
apenas um autor simbólico. No entanto, a questão ainda permanece
aberta para pesquisa, pois, de qualquer forma, todos os vestígios
arqueológicos que circundam a questão não a responderam
ainda de forma satisfatória. Grandes divergências entre estudiosos
literários se sucederam devido às diferenças estilísticas
nas obras homéricas, o que fizeram supor as teorias de múltipla
autoria. No entanto, obras de grande extensão acabam admitindo diferenças
estilísticas e até contradições. As obras Ilíada
e Odisséia tratam-se de epopéias, a primeira caracterizando-se
pela narração de histórias de guerras e aventuras,
a segunda caracterizando-se pela paz, pela civilidade, pelos costumes hospitaleiros
dos gregos, ambas sendo compostas em hexâmetros. O personagem Ulisses
foi transposto por James Joyce, em seu livro Ulisses, na figura de um personagem
da Dublin do século XX. A obra de Homero constitui referência
para todas as gerações literárias da história.
James Joyce (1882-1941)
Poeta e romancista irlandês, James Joyce exerceu influência
revolucionária sobre toda a literatura moderna de ficção
que o sucedeu. Foi o criador de uma nova expressão literária,
estruturada numa narrativa que muitas vezes é classificada como
"fluxo contínuo de consciência". Filho mais velho de uma família
do subúrbio de Dublin, estudou em instituições jesuítas.
Em 1989, entrou para a universidade em Dublin, graduando-se num período
de quatro anos nas letras modernas. Em Dublin, trabalhou como professor
e se empenhou na publicação de algumas obras poéticas,
que constituem o embrião de sua obra no romance. Mais tarde, encontrou
editores dispostos para a publicação de Dublinenses (1914),
um volume em que se encontram pequenas histórias. Outra obra, Retrato
do Artista quando Jovem, foi primeiramente publicada em partes seqüenciadas
na revista inglesa avant-garde, "The Egoist". Neste período, começou
a planejar um de seus mais importantes trabalhos, Ulysses, escrito num
longo período de sete anos. Este último encontrou um editor
para sua publicação, e a partir deste momento Joyce tornou-se
uma das personalidades literárias mais discutidas de seu tempo.
Ainda em Ulysses, o escritor utilizou-se de um novo método de estruturação
do monólogo interior das personagens. A narrativa baseou-se na estrutura
da Odisséia de Homero, da qual "traduziu" os personagens Ulisses
e Telêmaco para o mundo moderno e sua respectiva problemática.
No entanto, sua obra Finnegans Wake constitui-se como o trabalho mais hermético
do escritor, que levou 15 anos para sua composição. Enquanto
em Ulysses há a narrativa de um dia na vida de seu personagem principal,
Finnegans Wake narra uma noite de sonhos de um taverneiro. Sua obra constitui
um dos maiores legados para a literatura moderna.
João do Rio (João Paulo Emílio
Cristóvão dos Santos Coelho Barreto - 1881-1921)
Jornalista e escritor brasileiro. Notabilizou-se como repórter
e cronista. Membro da Academia Brasileira de Letras, foi o primeiro a usar
o fardão. Considerado um renovador do modo de escrever jornalístico,
implantou um estilo ágil, irônico e bem-humorado. Foi testemunha
de uma época de grandes transformações urbanísticas
no RJ, sintetizadas na expressão "O Rio civiliza-se".
José Antonio Campos (1805-1884)
Natural de Guaiaquil, Equador, costumava assinar seus livros e escritos
avulsos como Jack, the Ripper, o que o tornou famoso em toda a América
Latina. Costumista de fino humor, sabe pintar com malícia e graça
cenas e tipos representativos do pitoresco de seu país. Publicou,
entre outros livros, Raios Catódicos e Fogos Fátuos,
O galo encantado e Coisas da Minha Terra.
Kafka, Franz (1883-1924)
Escritor tcheco de expressão alemã, nascido em 1883 e
falecido em 1924. O conjunto de sua obra constitui um dos pontos mais altos
da prosa da contemporaneidade, tendo revolucionado definitivamente a narrativa
de caráter realista. O realismo das obras de Kafka, mesclado de
sonho e absurdo, apontou para a temática da condição
de impotência do homem moderno frente à organização
social a qual este é submetido. O homem, na narrativa de Kafka,
é apenas um náufrago do mundo moderno, agindo cega e mecanicamente
à superfície dos fatos que o enredam. A obra de Kafka só
pôde chegar até nossos dias através de seu amigo Max
Brod, para quem o escritor havia deixado seus manuscritos em testamento.
Contrariando as predisposições do testamento de Kafka, Max
Brod publicou as obras kafkianas que restaram (segundo consta, alguns manuscritos
foram queimados pelo próprio Kafka). São obras de Franz Kafka:
os contos Metamorfose, Na Colônia Penal e O Artista da Fome, os romances
O Castelo, O Processo e América. Os existencialistas chegaram a
declarar Kafka como seu verdadeiro precursor.
La Fontaine, Jean de (1621-1695)
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Poeta francês. Obteve, graças ao seu poema Adonis, uma pensão de Fouquet. Escreveu baladas e madrigais e revelou coragem ao defender seu protetor, que caíra em desgraça, em Elegia às ninfas de Vaux (1661). Encontrou novo protetor em Mme de Orléans, viúva de Gaston d'Orleans e iniciou a publicação de seus Contos e novelas em versos (1665) e as célebres Fábulas, que apareceram em 1668 a 1694. Sensual e amante das castas poesias pastoris, volúvel e admirador da fidelidade, cortesão mas amante da simplicidade, sua vida é a própria imagem de sua obra, que une em harmonia a arte e a natureza. Representou o apogeu do lirismo francês, em que o amor e a felicidade encontram lugar num mundo bem ordenado. |
Mark Twain (Samuel Langhorne Clemens) 1835-1910
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Escritor norte-americano, Aprendiz de tipógrafo, piloto no rio Mississipi, soldado, mineiro, prospector e jornalista, comecou a escrever pequenas narrativas cômicas sob o pseudônimo de Mark Twain (deriva da expressão "marca duas sondas", termo técnico dos pilotos do Mississipi). Celebrizou-se com o livro A famosa rã saltadora do condado de Calaveras (1865). Já era um personagem famoso quando publicou suas três obras-primas: As aventuras de Tom Sawyer (1876), As aventuras de Huckleberry Finn (1884), Velhos tempos no Mississipi (1883). Considerado o maior humorista da literatura norte-americana, satirizou acidentalmente a sociedade e seu país, pondo a nu as hipocrisias e a retórica oficial. A continuação de sua obra é cada vez mais pessimista (What is a man, The mysterious stranger). |
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Escritor nascido em Tourville sur Arques, França, foi influenciado por Flaubert, tendo se filiado ao realismo e criado a forma clássica do conto do século 19. Escreveu cerca d 300 narrativas, entre contos, romances e novelas, nos quais focalizou aspectos sombrios dos costumes e da psicologia de várias camadas da sociedade francesa. Destacam-se em sua obra: Bola de Sebo, A casa Tellier, Contos da galinhola, Uma vida, Bel-Ami, Pedro e João, Forte como a Morte. |
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Filósofo, escritor e político. Foi Secretário do Estado da República de Florença. Entre 1512 e 1520 foi exilado por questões políticas, oportunidade em que escreveu suas principais obras: O Príncipe, Comentário sobre os primeiros 10 anos de Tito Livio, O asno de ouro, Da arte da guerra e A Mandragora. Sua obra abrange principalmente uma reviravolta na visão clássica de filosofia política grega. Enquanto esta tinha como preocupação central a elaboração do melhor regime político possível, Maquiavel tentava elaborar "a partir das condições em que se vive e não das condições segundo as quais se deve viver", tendo também desmascarado as pretensões da religião e da teologia em matéria política. Suas teorias foram mal compreendidas, sendo lhe atribuído o desejo de criar o "tirano perfeito". Na verdade, procurava promover uma "ordem (política) inteiramente nova" (ou seja, moral livre e laica, subordinada à razão do Estado) em que os mais hábeis utilizariam a religião para governar. E governar significava, para Maquiavel, arrancar o homem à sua maldade natural e torná-lo bom. |
Mérimée, Prosper (1803-1870)
Escritor francês. Filho de família abastada, cedo demonstrou
talento para as letras, passando a frequentar os agitados salões
literários da época. Seus contos, publicados em revistas,
conquistaram público e crítica: Mateo Falcone, O
vaso etrusco, A partida de gamão, Colomba, Carmen,
A Vênus de Ile e outros tantos. Por sua obra vê-se que
o autor tinha predileção por ambientes exóticos, assuntos
trágicos e heróis apaixonados, ao memso tempo que se
observa uma construção segura, estilo conciso e um leve toque
de ironia. A personalidade de Merimée lembrava de um inglês,
frio e distante. Mantinha sua vida reservada de forma delicada e cortês,
todos ignorando sua vida particular. Foi com grande surpresa que se descobriu,
anos após sua morte, que ele, durante 30 anos, amou a mesma mulher,
sem que ninguém suspeitasse.
Montaigne, Michel Eyquem de (1533-1592)
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Escritor e pensador francês, uma das maiores figuras do Renascimento. Combinando elementos filosóficos estóicos com o ceticismo antigo, deu expressão ao humanismo subjetivista de sua época. Expôs um ideal de felicidade que consiste na tranquilidade da alma, na prudência, na eliminação da inquietude, no viver de acordo com a mais íntima natureza do eu. Por meio de refinadas análises psicológicas, foi um dos primeiros a mostrar o peso da condição humana e, por isso, tem sido lembrado como um precursor do existencialismo moderno. Para ele, o homem se define pelo que faz. Toda a sua obra está contida em seus Ensaios, cuja primeira edição surgiu em 1580. |
Musset, Alfred de (1810-1857)
Escritor francês, um dos maiores representantes do Romantismo.
Famoso desde a publicação de Contos da Espanha e da Itália
(1830), sua breve e acidentada ligação amorosa com George
Sand parece ter sido a fonte inspiradora de seus melhores trabalhos: As
noites (1836), série de poemas líricos e Confissões
de um filho do século (1836), romance autobiográfico
em que identificou sua desventura pessoal com a de toda uma geração,
contaminada pelo chamado mal du sciècle. Dramaturgo, suas
peças destinam-se mais à leitura que à representação.
Delas se destacam Os caprichos de Marianne (1833), Lorenzaccio
e Com o amor não se brinca (1834).
Nathaniel Hawthorne (1804-1864)
Escritor norte-americano. Pertencente a uma família de puritanos,
fica órfão aos 4 anos. Estuda em Brunswik, voltando posteriormente
a Salem, onde vive isolado da própria família, trancado em
seu quarto, a cuja porta lhe punham a comida. Começou a escrever
cedo. Seu livro Contos duas vezes contados passa desapercebido nos
EUA, mas obtém sucesso na Inglaterra. Por vários anos
foi funcionário da Alfândega de sua cidade natal; esteve um
ano em Brook Farm, uma espécie de Utopia Social em que todos faziam
trabalhos manuais e se ocupavam intelectualmente. Suas histórias
são, muitas vezes, reflexos de sonhos e fantasias, seus tipos, alegorias
e símbolos. Há uma atmosfera de mistério que lhe domina
as obras, e um estilo harmonioso e poético.
O. Henry (1862-1910)
Nasceu William Sidney Porter, em Greensboro, falecendo em NY. Era especialista
em narrativas sobre a vida urbana, com especial foco nas virtudes e mesquinharias
da classe média. Foi também chamado de o Maupassant americano.
Teve uma vida marcada pela infelicidade. Ficou órfão aos
três anos, sendo criado desde então por uma tia, que o maltratava.
Trabalhou como balconista e para dar um reforço no orçamento
doméstico, começou a escrever contos para jornais. Foi condenado
à prisão por uma obscura questão de dinheiro, continuando
a produzir na cadeia, onde nunca pronunciou uma palavra de revolta por
sua condição. Foi posto em liberdade antes do término
de sua pena, em virtude do seu bom comportamento. Entre suas obras
estão "As sendas do destino", "No coração do Oeste",
"A voz da cidade".
Oscar Wilde (1854-1900)
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Nasceu em Dublin. Depois de uma juventude ruidosa, a que não faltaram glória e escândalo, foi condenado ao cárcere de onde saiu moralmente arrasado. Célebre pelo seu espírito paradoxal, pelos seus ditos e sua crítica mordaz, escreveu, entretanto, dois livros dramáticos que constituem hoje a parte mais sólida de sua obra: "Balada do Cárcere de Reading" e "De Profundis" ao lado de alguns romances, entre os quais se destacam "O Retrato de Dorian Gray" e o "Crime de Lord Arthur Saville. Faleceu em Paris, na mais completa miséria. |
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Nasceu em Boston. Teve vida curta e atribulada, numa existência marcada pelo exagerado consumo de álcool e pela perseguição constante da miséria. Foi descoberto na França por Baudelaire, que lhe traduziu a obra em prosa e comentou-a de forma apaixonada. Mais tarde, Mallarmé publicou uma tradução bem cuidada de sua poesia. Suas teorias de composição poética orientaram a escola parnasiana, muito embora, se tomarmos a inspiração como ponto de partida, veremos Poe como um romântico. É considerado o pai da literatura policial. Morreu em Baltimore. |
Sade (Donatien Alphonse François, conde
de Sade, dito Marquês de) (1740-1814)
Escritor francês. Após ter servidfo o exército,
seus desregramentos (flagelação, sodomia, sacrilégio)
lhe valeram sucessivas prisões, pontilhadas de libertações
e fugas. Encarcerado, escreveu suas primeiras obras: Os 120 dias de
Sodoma (1782-1785), Justine ou as infelicidades da virtude (1791);
compôs dramas morais (Le suborneur, 1793) e publicou, entre
outros: A filosofia na alcova (1795) e Nova Justine (1795),
seguido de A história de Juliette, sua irmã (1797),
que lhe valeu nova prisão, em 1801. Em 1803 foi transferido para
o hospício de Charenton, onde organizou representações
teatrais e redigiu seus últimos romances, entre eles A história
secreta de Isabel da Baviera (1813). Contestada, vilipendiada, sua
obra só seria reconhecida por Apollinaire e pelos surrealistas,
que descobriram nele a vontade de libertar o homem de todas suas opressões.
Straparola, Gianfrancesco (fins
do século XV – 1557)
Nasceu em Caravágio. Dele sabe-se apenas ser o autor de “Noites
Divertidas”, coletânea de 73 contos muito apreciada na Itália
e na França da Renascença.
Tchecov, Anton Pavlovitch (1860-1904)
Escritor russo. Neto de um servo liberto, conheceu a miséria
e publicou alguns contos enquanto prosseguia seus estudos de medicina.
O sucesso de uma peça de teatro, Ivanov, em 1887, e de uma
novela, A Estepe (1888), permitiu-lhe dedicar-se exclusivamente
à literatura, apesar da tuberculose, que o forçava a permanecer
longos períodos no exterior. Devido ao agravamento de sua doença,
fixou residência em Ialta (1899), onde escreveu algumas de suas melhores
obras, como A dama do cachorrinho, em 1889 e A noiva, em
1903). Nos últimos anos de sua vida escreveu suas maiores criacoes
para o teatro: Tio Vânia (1897), As Três Irmãs (1901)
e O Jardim das Cerejeiras (1904). Ambientados na província, seus
dramas envolvem personagens da burguesia e da aristocracia decadente. Os
diálogos tradicionais são substituídos por monólogos
paralelos, onde cada personagem deixa entrever suas mágoas, sentimentos
mais profundos, principalmente a frustração e a impotência
diante da vida.
Thomas Mann (1875-1955)
Escritor alemão, foi um dos mais proeminentes romancistas do
século XX, filho de um negociante e político e uma brasileira
do Rio Grande do Sul, radicada na Alemanha. Suas influências são
diversas e, de certa forma, contraditórias. Lança mão,
por exemplo, do ceticismo e da celebração antimetafísica
de Nietzsche e também da visão metafísica pessimista
de Schopenhauer. Fora isso, muito do realismo de Flaubert pode ser verificado
em sua obra. Em suma, Mann esteve atento à toda a tradição
cultural do ocidente, cujos valores tanto questionou quanto adotou criticamente.
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Filho de latifundiários, levou vida desordenada até que, após entrar para o exército, publicou, em 1856, suas memórias: Etapas da vida. Esses primeiros sucessos o estimularam a se dedicar à literatura. Em 1862 casou-se com Sofia Andreievna Bers e escreveu Os cossacos, Contos de Sebastopol e sua primeira obra-prima, Guerra e Paz (1869). Todavia, uma crise de consciência culminou numa angústia que não o abandonou mais, pôs fim à sua serenidade. Denunciou a mentira social e a ilusão do amor em Ana Karenina (1877). A atividade artística parecia-lhe um derivativo culpável que o afastava de seus deveres sociais. Após nova crise, relatada na obra Minha confissão, de 1882), retirou-se para um mosteiro, mas rompeu brutalmente com a Igreja, trabalhando e vestindo-se como um camponês enquanto sua mulher administrava seus bens. Suas obras se tornarams sombrias (A morte de Ivan Ilitch, Sonata a Krautzer, Mestre e servidor, Ressurreição). Excomungado pelo Santo Sínodo, encarnou as aspirações da juventude russa e sua casa tornou-se local de peregrinação. Cansado das homenagens, ávido de solidão e de pobrezxa, escapou da família (1910), indo morrer na estação de Astaspov. A obra de Tolstoi é mais um exercício de consciência do que eu de estilo: auto-exploração iniciada na juventude, responde a um desejo imperioso de análise e de aperfeiçoamento moral, mas o artista conservou-se rigoroso tanto na descrição dos detalhes como na animação dos grandes afrescos históricos e sociais. |
Voltaire (François Marie Arouet) (1694-1778)
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Nascido em Paris, em 21 de novembro de 1694, falecido em 30 de maio de 1778, foi o pensador mais influente do período do iluminismo francês. Em sua época, foi considerado um dos maiores poetas e dramaturgos de seu tempo. Hoje, a figura de Voltaire é mais relacionada aos seus ensaios e seus contos. O nome Voltaire, na verdade, foi por ele adotado após a passagem pela prisão na Bastilha durante um ano, por sua vez ocorrida devido a alguns versos satíricos dos quais foi acusado de ser autor. A tragédia Édipo (Oedipe) abriu passagem para sua incursão no meio intelectual, tendo sido escrita no período de sua detenção na Bastilha. Uma outra obra que merece ser citada é o conto Cândido, escrito em 1759. Já em seus escritos filosóficos, as obras que devem ser citadas são o Tratado de Metafísica (Traite de Metaphysique), de 1734, e o Dicionário Filosófico (Dictionaire Philosophique), de 1764. Seu pensamento foi calcado nas bases do racionalismo, instrumento com o qual procurava pregar a reforma social sem a destruição do regime já estabelecido. Muito de sua luta dirigia-se contra a Igreja e, na atualidade, alguns chegam a considerar Voltaire como um predecessor do anti-semitismo moderno, dadas seus pensamentos acerca dos judeus, tidos por ele como fanáticos supersticiosos. No entanto, ele se opôs à perseguição a estes povos. Colaborou ainda com um dos enciclopedistas mais radicais, Diderot. |