O veado precisava arranjar um lugar para fazer sua casa, pois estava passando muito trabalho. Procurou um bom lugar, achou-o à beira de um rio. Nessa mesma ocasião a onça procurava também um lugar para construir a sua casa. Saiu, e chegando ao mesmo lugar que o veado havia escolhido, pensou: “que bom lugar; aqui vou fazer minha casa”.
No dia seguinte, o veado veio, capinou e roçou o lugar. No outro dia, veio a onça e disse: “Tupã está me ajudando. Fincou as forquilhas e armou a casa.”
Noutro dia veio o veado e disse: “Tupã está me ajudando. Cobriu a casa e fez dois cômodos: um para mim, outro para Tupã”.
No dia seguinte a onça, achando a casa pronta, mudou-se para lá e ocupou o outro cômodo.
Quando acordaram e se viram, a onça disse ao veado:
- Era você que estava me ajudando?
O veado respondeu:
- Era eu mesmo.
- Pois bem, vamos então morar juntos – disse a
onça.
- Está bem, vamos.
No dia seguinte a onça disse ao veado:
- Vou caçar. Você, limpe os tocos, veja
água, lenha, que eu vou chegar com fome.
Foi caçar, matou um veado grande, trouxe para
cara e disse para o seu companheiro:
- Vamos jantar.
O veado foi, mas estava triste, não quis comer
e de noite não dormiu, com medo que a onça o pegasse.
No dia seguinte, o veado foi caçar, encontrou outra
onça grande e depois um tamanduá. Disse ao tamanduá:
- A onça, ali adiante, falou mal de você.
O tamanduá veio, achou a onça arranhando
um pau, chegou por detrás devagar, deu-lhe um abraço, meteu-lhe
a unha e a onça morreu.
O veado a levou para casa e disse à companheira:
- Aqui está; apronte-se para jantarmos.
A onça aprontou-se mas não jantou, e estava
muito triste.
Quando chegou a noite, os dois não dormiram, a
onça espiando o veado e o veado espiando a onça.
Quando chegou a meia-noite, estavam com muito sono.
A cabeça do veado esbarrou no girau e fez um ruído.
A onça, pensando que era o veado que já ia matá-la,
deu um pulo.
O veado assustou-se com o pulo da onça e ambos
fugiram, um correndo para cada lado.