Seu argumento gira em torno da Primeira Cruzada, no século 12, cuja finalidade era a de libertar o Santo Sepulcro das mãos dos infiéis. Os fatos que entrelaçam essa epopéia começam já no sexto ano da citada Cruzada. Deus envia um anjo a Godofredo, chefe das hostes cristãs, e ordena-lhe que liberte Jerusalém. Entre os cristãos encontram-se, dentre outros, Pedro, o Eremita, o fogoso pregador da Cruzada; Reinaldo, o mais notável dos cavaleiros; Tancredo, tão grande campeão nos campos de batalha, como nas galantes aventuras de amor. A defesa de Jerusalém estava bem preparada pelo velho tirano, que chamara em seu auxílio o Sultão dos Turcos e o Califa do Egito. Herminia, filha do Rei de Antiôquia, estivera prisioneira de Tancredo. Este matara o pai da bela princesa, tendo, entretanto, cuidado dela com cortesia e respeito.
Hermínia reunira-se ao tirano que dominava Jerusalém, mas havia se apaixonado por Tancredo. Este, por sua vez, estava rendido de amores por Clorinda, princesa muçulmana, tão linda de corpo, como também exímia guerreira. Combatia essa mulher revestida de uma armadura branca. Certa vez., Tancredo lutou com Clorinda. Como na justa, caísse-lhe o elmo, o moço, reconhecendo no inimigo, a mulher de seu sonho, fez-lhe ardorosa confissão de amor, em pleno fragor da batalha. Mas, logo o tumulto os separou. Por causa de um duelo singular entre Reinaldo c outro cavaleiro cristão, Godofredo puniu Reinaldo com o exílio, As questões entre os guerreiros, embora comuns, só podiam prejudicá-los. o espírito das trevas semeava a discórdia entre os cavaleiros de Cristo para enfraquecê-los. Armida, formosa sobrinha de um feiticeiro, foi, por exemplo, enviada ao acampamento cristão com tal fito. Lá chegando, conseguiu arrastar inúmeros cavaleiros, que a seguiram, abandonando suas hostes. Reinaldo, ainda no exílio, foi quem os salvou. Quase diariamente, realizavam-se sangrentos conflitos entre cristãos e infiéis De um lado destacavam-se Clorinda e Argante, terrível campeão; do outro, Godofredo.
No mais desesperado desses combates, enorme foi a alegria de Godofredo, quando viu chegar em seu auxílio um esquadrão chefiado por Tancredo. Este se achava ausente porque saíra em perseguição de Hermínia, na suposicao de que fosse Clorinda, tendo sido aprisionado numa masmorra do castelo de Armida. Quando uma escolta, mais tarde, conduzia Tancredo, e os cavaleiros aprisionados por Armida para o Egito, foram libertados por Reinaldo que, em fúria, se atirou contra a escolta e a desbaratou. Godofredo resolveu, então, tomar a cidade de assalto. Mandara, para isso, uma grande torre de madeira, montada sobre rodas, e na qual seus guerreiros poderiam atacar os defensores da cidade, por cima das muralhas. Clorinda, entretanto, num arrojado plano, sai com Argante da cidade e, esgueirando-se ao longo das muralhas, aproxima-se da torre a fim de incendiá-la. As sentinelas cristãs vêem os vultos e dão o alarma. Combatendo, Argante e Clorinda abrem caminho até a porta da cidade. Quando esta se fecha, Clorinda ainda se encontra fora.
Revestida por uma armadura negra, ninguém podia reconhecê-la.
Tancredo, ao ver aquele guerreiro, precipita-se sobre ele. Travam combate.
Tancredo derruba o adversário e mergulha-lhe no peito sua espada.
Quando o ferido sente que vai morrer, pede o batismo. Tancredo, ao desfivelar-lhe
o elmo, a fim de lançar água sobre sua cabeça, quase
morre de dor, ao reconhecer, no agonizante, a sua amada. Mais tarde, Clorinda
aparece-lhe numa visão, dizendo que o esperava no Céu. Godofredo
continua acometendo o inimigo, mas inutilmente. Deus lhe aparece, ordenando-lhe
que chame Reinaldo. O banido estava gozando a companhia de Armida, esquecido
de tudo. Ao ver os emissários, arrepende-se do ócio amoroso
em que vive e retorna com eles. O tirano e o sultão encontram por
fim a morte e a cidade é tomada. Armida, que se juntara ao inimigo
por causa do desprezo de Reinaldo, tentara durante a luta final atingir
Reinaldo; mas suas flechas não tinham endereço certo, já
que a mão do amor era mais forte que a da raiva ou do despeito.
Quando Armida fugiu, no desespero da derrota, Reinaldo perseguiu-a e, ajoelhando-se
aos seus pés, ofereceu-se como cavaleiro e deu-lhe seu amor.