Ramáiana

 

Relata a excursão militar de Rama contra o rei Rávana do Ceilão, que lhe raptara a esposa Sita. Poema atribuído a Valmiki, que teria vivido no século 9 a.C. Inspirou-se em lendas populares, compõe-se de 7 livros, com 24 mil versos duplos ou cloka.

O aparecimento deste poema é explicado por uma lenda, que figura como introdução do mesmo. Diz que Valmiki, estando à margem de um rio, vê um casal de passarinhos cantando alegremente e debicando a relva. Nisso aparece um caçador e com uma flechada, fere mortalmente o macho. O poeta fica indignado e lança uma maldição sobre o caçador. Suas palavras, contudo, tomam no ar a configuração de uma chloka e o deus Brama ordena ao poeta cantar naquele metro as façanhas de Rama. Rama, considerado uma encarnação de Vishnu, é o protagonista da história. No primeiro livro narra-se a história da infância de rama. Um sábio rei de Aiodiá, na região dos Kosala, ganhou, após muito tempo, de seu matrimônio com três mulheres, quatro filhos: Rama, Bárata, Lakchmana e Strughna. No primeiro encarnou-se Vishnu. Os quatro irmãos muito se estimavam, sobretudo Rama e Lakchmana. Já adolescentes, os príncipes são conduzidos pelo sábio Vichvámitra à corte do rei dos Videha que promete a filha Sita a quem pudesse entesar um gigantesco arco. Rama, com espantosa facilidade, realiza a proeza e desposa Sita. A parte épica começa no segundo livro. A mãe de Bárata, instigada por uma escrava, consegue arrancar-lhe uma promessa, resumida em dois desejos: 1) Bárata deverá tomar o lugar de Rama; 2) Rama deverá ser exilado por 14 anos. O primogênito obedece e segue para o exílio, acompanhado da esposa e do dedicado Lakchmana. Morre o rei de desgosto, e Bárata, que não aprovara a ação materna, sai à procura do irmão mais velho a fim de ceder-lhe o trono. Como Rama recusa, Bárata toma-lhe as sandálias e as coloca no trono, num gesto altamente simbólico. Na floresta, Rama e Lackchmana passam por várias aventuras. Defendem os eremitas de assaltos de gigantes. Por infelicidade, encontram uma mulher, irmã de Rávana, o demônio monstro de 10 cabeças, senhor de Lanka, terra fabulosa situada além do oceano, no Ceilão. Repelida pelos irmãos, esta vai pedir a Rávana vingança. Para despertar-lhe o interesse, pinta-lhe a beleza de Sita. Rávana consegue raptar Sita, aproveitando uma ocasião em que os dois irmãos estavam ausentes, e após matar um guerreiro que lhe ficara de guarda. Rama, furioso, encarrega seu súdito Hanumat para empreender a missão. Este, à frente de um exército, marcha para o sul, até chegar às margens do oceano. Com um salto prodigioso o atravessa. Depois de quatro dias, nos quais sucedem-se encontros maravilhosos, chega a Lanka. Fazendo-se do tamanho de um gato (pois tinha o dom de mudar de forma), entra na cidade. Após várias pesquisas encontra Sita e reconforta-a com a mensagem de Rama. No sexto livro, o mais longo de todos, está o epílogo. Sugriva, após construir uma ponte de pedra e madeira, invade Lanka. Fere-se numa batalha, que dura sete dias. Sita é libertada, mas o destino reserva-lhe uma nova dor: Rama, supondo que Rávana a tivesse possuído, não a quer de volta ao seu amor. Sita, no auge do desespero, lança-se sobre uma pira na intenção suicida de ser consumida pelo fogo. Mas o deus Agni intervém e a restitui intacta a Rama, que se enche de alegria.

O último e sétimo livro é considerado apenas como um acréscimo.