O Jabuti e o Veado
 

O pequeno jabuti foi procurar os parentes e encontrou o veado. Este perguntou:
- Onde vais?
- Vou chamar meus parentes para me ajudarem na caça a anta – respondeu o jabuti.
- Mataste a anta? Vai, então, chamar tua gente. Fico aqui, porque quero olhar por ele.
- Então não vou mais – disse o jabuti – volto daqui mesmo. Vou esperar que a anta apodreça para tirar seu osso para minha flauta.
- Tu mataste a anta; agora quero apostar corrida contigo – disse o veado.
- Espera aqui, retrucou o javali – vou ver por onde hei de correr.
- Quando correres pelo outro lado, e quando eu gritar, tu respondes – disse o veado.
- Vou indo – disse o jabuti.
E o veado, desconfiado, disse:
- Agora tu demoras... quero ver tua valentia.
Respondeu o jabuti:
- Espera um pouco, deixa-me chegar à outra margem.
Chegando à outra margem, chamou os parentes. Colocou-os um logo adiante do outro, ao longo da margem do rio para responderem ao veado tolo. Terminado isso, gritou para o veado:
- Veado, tu já estás pronto?
O veado respondeu:
- Jááá!
O jabuti perguntou:
- Quem é que corre na frente?
- Tu vais adiante, miserável jabuti – respondeu o veado.
- O jabuti não correu; enganou o veado e foi ficar no fim. O veado estava tranqüilo, pois confiava em suas pernas.
O parente do jabuti gritou pelo veado. O veado respondeu para trás.
O veado correu, correu, depois gritou:
- jabuti!
O parente do jabuti respondeu mais adiante.
Mais além, o veado gritou:
- Vou beber água.
Depois calou-se. O jabuti gritou, chamou pelo veado e não recebeu resposta. Pensou que o veado tinha morrido e disse aos companheiros:
- Eu vou, devagarinho, vê-lo.
Quando o jabuti saiu da margem do rio, disse:
- Nem sequer suei, não estou cansado.
E chamou pelo veado, que não lhe respondeu. Quando os companheiros do jabuti olharam para o veado, verificaram que estava morto. Então o jabuti disse:
- Vamos tirar o seu osso.
- Para que é que tu o queres? – perguntaram.
- Para uma flauta. Agora me vou. Até.

“Mais valem a astúcia e a inteligência do que a força.”