Eneida
Virgílio
É a grande epopéia do povo romano composta por Virgílio, que tomou as obras de Homero para modelos da sua, Seu poema compõe-se de 12 livros. Era intenção do poeta escrever mais 3, só que não pôde fazer por ter sido colhido pela morte. Estilizada no verso heróico ou seja, no hexâmetro, propõe-se a "Eneida" a celebrar a história do Império Romano, e louvar a César, como descendente de Enéias, o herói do poema. o entrecho da obra pode ser resumido da seguinte forma:

— Começa por narrar (após célebre proposição) o terrível temporal que se abatera sobre a frota de Enéias, quando em fuga do desastre de Tróia. Enéias havia escapado da matança levando seu pai (Anquises) às costas Tinha o príncipe  reunido muitos guerreiros e com eles embarcado em direção às costas da Itália. Na borrasca, muitas das naus soçobram. A de Enéias e mais seis conseguem aportar num sítio da África, onde os navegantes encontram a próspera região de Cartago. Ali, Enéias conhece a rainha Dido, que lhe pede para contar sua história. o filho de Anquises começa, então, o relato de suas aventuras, que se abrem com os famosos versos:

''Infandum, regina, jubes renovare dolorem." (I,. II, v. 3)
(Mandas, Ô rainha, que eu renove uma indizivel dor. )

O amor que Enéias desperta em Dido, constitui a grande passagem lírica do imortal poema. Enéias conta para a rainha a tomada de Tróia, o ardil concebido por Ulisses relata as viagens que empreendera até chegar a Cartago. Dido, acometida de grande paixão, roga a Enéias para não deixá-la. O príncipe, surdo às súplicas, resolve continuar viagem. Dido, não resistindo ao abandono, busca no suicídio alivio para sua desventura.
Segue o herói para a Sicília. Cultua a memória de seu pai, visitando os Campos Elísios, lugar no qual os romanos julgavam estar as almas dos mortos. Lá tem um colóquio com o pai, que lhe mostra a raça de varões ilustres, os quais descenderão de Enéias e farão a grandeza do povo latino (6o. Livro).
Enfim, Enéias atinge o Lácio É bem acolhido pelo rei latino, que lhe promete a sua filha única, Lavinia, herdeira do trono. Com isso não concorda Turno, rei dos rútulos, povo também de origem latina. Eclode a inevitável guerra. Ferem-se vários combates, e, quando tudo indica a derrota dos troianos. Enéias volta ao campo, munido de um escudo que lhe fizera Vulcano (o mesmo que fizera a armadura de Aquiles), e muda a sorte da luta. Na última batalha, um prélio singular entre os dois chefes se realiza. Enéias é ferido pelos guerreiros adversários, mas Vênus, envolvida numa nuvem escura, pensa-lhe a ferida. o herói se recupera, e volta ao duelo, a espada de Turno se parte, e ele foge. o príncipe teucro o persegue alcança-o e o mata.
A "Eneida" é considerada um misto da "Ilíada" e da "Odisséia". Os seis primeiros livros lembram a "Odisséia", pois encerram as aventuras e viagens do herói; os seis últimos, nos quais se historiam os combates de Enéias na península itálica lembram os feitos épicos da "Ilíada" Tal é a observação feita por Sainte-llenve.
Vergílio, não tendo tempo de rever sua obra, recomendara sua destruição no que não foi atendido por L. Vario e Tuca, que avaliaram bem a sua importância.
O assunto da "Eneida" não é criação de Virgílio. A tradição, que prende a origem de Roma às lendas mitológicas, parece que foi introduzida na Itália já pelos fins do 9 século antes de Cristo. Poetas como Ênio e Névio conheciam-na, e o tema era do domínio popular.
 
 
 Fonte: TAVARES, H. Teoria literária. [s.d.e.]