Primeiro livro clássico
Confucio
É preciso conhecer o fim para o qual devemos dirigir nossas ações. Quando conhecemos a essência das coisas, teremos alcançado o estado de perfeição a que nos propomos.
Desde o homem mais nobre ao mais humilde, todos têm o dever de melhorar e corrigir seu próprio ser.
Não seria mais proveitoso dirigir nossos esforços à eliminação das inclinações perversas dos homens?
Para conseguir que nossas intenções sejam retas e sinceras, devemos atuar de acordo com nossas inclinações naturais.
Quando a alma está agitada pela cólera, carece desta fortaleza; quando a alma se acha coibida pelo temor, carece desta fortaleza; quando a alma se acha embriagada pelo prazer, não pode manter-se forte; quando a alma se acha obscurecida pela dor, tampouco pode alcançar esta fortaleza. Quando nosso espirito se acha turvado por qualquer motivo, olhamos e não vemos, escutamos e não ouvimos, comemos e não saboreamos.
Raras vezes os homens reconhecem os defeitos daqueles a quem amam, e não se acostumam tampouco a valorizar as virtudes daqueles a quem odeiam.
O que desaprovas em teus superiores, não pratiques com teus subordinados, nem o que desaprovas em teus subordinados deves praticar com teus superiores. O que desaprovas de quem te precedeu não pratiques com os que te seguem, e o que desaprovas de quem te segue não faças aos que estão diante de ti.
Não dar importância ao principal, quer dizer, ao cultivo da inteligência e do caráter, e buscar só o acessório, ou seja, as riquezas, só pode dar lugar à perversão dos sentimentos do povo, o qual também valorizará unicamente as riquezas e se entregará sem freio ao roubo e saque.
Se o príncipe utiliza as rendas públicas para aumentar sua riqueza pessoal, o povo imitará este exemplo e dará corda solta às suas mais perversas inclinações; se, ao contrário, o príncipe utiliza as rendas públicas para o bem do povo, este se mostrará submisso e se manterá em ordem.
Se o príncipe ou os magistrados promulgam leis ou decretos injustos, o povo não os cumprirá e se oporá à sua execução por meios violentos e também injustos. Quem adquire riquezas por meios violentos e injustos do mesmo modo as perderá por meios violentos e injustos.
Só há um meio de acrescentar as rendas públicas de um reino: que sejam muitos os que produzem e poucos os que dissipem, que se trabalhe muito e se gaste com moderação.